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As emoções têm sempre razão

Por Carla Peralta em

Temos tanto medo das nossas emoções, porque na verdade não as vemos como úteis. Queremos controlar o que sentimos, queremos estar “bem”, queremos ignorar o que as nossas emoções nos mostram. Mas elas têm sempre razão.

Não vou falar sobre as diferentes emoções que sentimos.

Em vez disso, vou somente falar das emoções que nos fazem sentir bem e das emoções que nos fazem sentir mal. Basicamente são somente duas as emoções que existem: o medo que nos faz sentir mal e a alegria que nos faz sentir bem.

E estas emoções têm sempre razão, essa é a verdade.

Se prestarmos atenção às emoções conseguimos entender, com absoluta certeza, tudo o que estamos vivendo agora ou o que temos vivido ultimamente e podermos usar esse entendimento das nossas emoções para criar uma experiência futura que nos vai agradar mais. 

As nossas emoções são na verdade o nosso sistema de orientação interno para nos guia a receber qualquer coisa que desejamos. As nossas emoções ajudam-nos a compreender as experiências que estamos vivendo e se estamos ou não a “ouvir-nos” verdadeiramente.

Quando não nos “ouvimos”, quando ficamos presos no que devemos fazer para agradar os outros, quando queremos aceitação exterior, quando queremos ter, em vez de ser, é porque estamos a resistir a quem verdadeiramente somos.

Quando resistimos a quem realmente somos sentimo-nos mal.

Quando resistimos a quem realmente somos vivemos com medo.

Quando resistimos a quem realmente somos vivemos dependentes do que os outros pensam de nós.

Toda esta resistência mostra que na verdade temos pensamentos de autocrítica, pensamentos distorcidos sobre quem verdadeiramente somos.

A resistência que sentes é indicadora do teu conteúdo vibracional denso, tóxico, de medo que te impede de receber o que desejas.

Precisamos de nos tornar sensíveis ao que sentimos e ao que pensamos e esperar, antes de fazer seja o que for, para observarmos, para compreendermos se estamos a resistir ou a permitir a expressão de quem somos verdadeiramente.

É importante dar conta das nossas resistências porque só assim trazemos “luz” aos nossos “problemas”.

Na verdade, só existe um “problema” que precisamos de trazer à “luz”. Esse “problema” é o nosso ego e a forma como se relaciona consigo mesmo e com os outros. 

Quando há resistência, quando não nos ouvimos verdadeiramente, é porque existe um conflito interno inconsciente que nos impede de viver. Em vez disso, limitamo-nos a sobreviver, procurando o alívio do medo através de algo externo que nos dê prazer. 

A resistência mostra que o ego tem medo de se relacionar com os outros porque se vê como fraco, não merecedor de viver uma vida plena e entusiasmante. Em vez disso, o ego procura controlar, apegar-se ao pouco que vai “conquistando”.

Quando resistimos a ouvirmos a nós próprios criamos forças internas que nos impedem…

  • de dar conta que estamos sempre a defendermo-nos por medo
  • de receber o novo, o desconhecido, na nossa vida, apegando-nos a ideias que nos dão segurança
  • de libertar o sofrimento, como se fossemos culpados por tudo o que nos acontece de mal e por isso precisamos de nos sacrificar, de nós esforçar 
  • de ver que estamos sempre a atacar os outros através das nossas exigências, do controle, das expectativas, da crítica e do julgamento 
  • de ver que nos estamos a comparar com os outros e que essa comparação leva à inveja e à frustração 
  • de dar conta dos prazeres que se tornam mais cedo ou mais tarde a nossa obsessão, o nosso desespero, a nossa angústia 
  • de dar conta da nossa reatividade por conta de nos sentirmos mal
  • de dar conta do quanto estamos a “ganhar” por nos sentirmos vítimas do mundo

Podemos nem dar conta das nossas resistências porque se encontram no nosso inconsciente. Resistir a ouvir quem realmente somos não é um erro, um defeito ou uma fraqueza nossa. Nós aprendemos a resistir por medo do julgamento, por medo de sermos rejeitados, por medo de sermos abandonados, traídos, injustiçados ou humilhados. Acreditámos que éramos quem não éramos. Ficámos exilados, prisioneiros do medo.

As emoções nunca deixaram de se ouvir. Nós é que passamos a ser surdos ao que elas nos querem dizer.

Precisamos de nos permitir ouvir as nossas emoções, não resistindo ao que elas nos mostram. Elas são respostas ao que estamos a pensar sobre determinado assunto. Quando nos sentimos mal é porque precisamos de corrigir os pensamentos que estamos a ter, porque na verdade eles não estão alinhados com quem somos verdadeiramente.

Resumindo, as nossas emoções são o nosso guia interno para quem verdadeiramente somos, onde o amor, a paz, a alegria, a satisfação, a segurança e a felicidade habitam, mas deixamos de as ouvir quando queremos bloquear alguma emoção que julgamos dolorosa. 

Aí passamos a ser movidos por quem não somos, para evitar o desconforto.

Passamos a procurar desesperadamente algo externo que traga um pouco de alívio a curto prazo.

Evitamos a todo o custo saber o porquê, o que é, o como me sentir mal, como me sinto. Ficamos focados na falta que sentimos de quem realmente somos.

Tudo porque não confiamos no nosso sistema de orientação interno. 

Confia em ti. Ouve a verdade que as tuas emoções estão a mostrar.
Categorias: Reflexões