Tudo isto passará
Queremos que tudo esteja bem, que tudo resulte como desejamos, queremos sentir prazer em todos os momentos, buscamos incessantemente através das coisas que nos dá felicidade, colocamos metas, objetivos, planeamos o que precisamos fazer, queremos um propósito, um sentido de que nos estamos a dirigir para algum lugar. Mas tudo isto passará.
Queremos estar sempre bem no mundo físico, no nosso dia a dia, nos nossos relacionamentos.
Não queremos perder as coisas “boas” e queremos afastar as coisas “más”.
Temos uma necessidade de manter as coisas sempre “perfeitas”, sem grandes mudanças.
Quando as coisas correm mal, quando o que queremos nunca chega, quando as pessoas não correspondem às nossas expectativas, quando a doença surge, quando nos sentimos rejeitados, abandonados, injustiçados, traídos ou humilhados, reagimos para proteger a “perfeição” que idealizámos e que queremos à força manter.
Não queremos que as coisas “boas” mudem.
No fundo, não queremos que o mundo exterior mude e por isso ficamos ansiosos, com medo, alertas à mínima mudança à nossa volta.
Acreditamos que tudo precisa de estar “bem” à nossa volta para sermos felizes.
Isto não é viver. Mas tudo isto passará.
Isto é somente, sobreviver.
Isto é um sofrimento.
Somente mostra o quanto não conseguimos transformar os nossos pensamentos e as nossas emoções.
Por causa do nosso grande cérebro, somos capazes de pensar nos nossos problemas sem parar, lembrar do que aconteceu no passado e prevenir o que pode acontecer no futuro que possa correr mal, vemos “ameaças” em todas as situações negativas, imaginamos vinganças e desejamos o mal para quem nos magoou.
Nós temos a capacidade de criar ansiedade somente com o pensamento.
Toda esta capacidade que temos de imaginar e de criar ansiedade como resultado deixa-nos exaustos. Há um enorme gasto de energia física, porque o corpo precisa de recorrer de maneira automática aos recursos de que vai precisar para enfrentar o perigo.
Perigo esse que é imaginado na nossa mente.
Um perigo que não existe. Mas tudo isto passará.
Só porque não sabemos lidar com o que “não queremos” e o “vimos” como um perigo.
Quanto mais ansiosos ficamos, mais deixamos os pensamentos livres para imaginar. Logo podemos estar dias, meses e até anos neste estado de ansiedade. O corpo não aguenta tanto tempo em estado de alerta, produzindo químicos para enfrentar o perigo imaginário. Torna-se um sofrimento viver em modo de urgência por períodos extensos. O corpo precisa de estar relaxado para voltar ao equilíbrio, para estar saudável.
Uma mente que não sabe lidar com os desafios, com o negativo, que fica ansiosa tentando prever os perigos, cria um corpo doente.
Todos os químicos produzidos por um corpo que reagiu a um perigo imaginário, a uma mente ansiosa, e que não são descarregados como reação física, cria emoções que mais cedo ou mais tarde vão ter de “sair” de alguma forma.
No fundo as emoções são respostas químicas de experiências passadas que podem ter acontecido, ou somente imaginadas. Os teus sentidos ao registrarem informações vindas do meio ambiente dão informação aos neurônios para se organizarem em rede. Quando essa informação se repete várias vezes, essas redes congelam-se e criam um padrão, ou seja criam uma resposta automática que por sua vez cria um produto químico que é enviado para todo o corpo para reagir mais rapidamente da próxima vez. A este “produto químico” chama-se emoção.
A experiência que foi vivida ou imaginada fica gravada na mente através de uma resposta automática e a emoção fica guardada no corpo. Assim o passado se torna a nossa biologia, a nossa “natureza”.
Muitas das nossas respostas automáticas ao negativo, ao mau, aos desafios “difíceis”, são somente memórias dos nossos antepassados guardadas na nossa mente para nos manter vivos.
Mais uma vez digo… isto é sobreviver.
Viver no passado torna-se um sofrimento porque ficamos viciadas nas emoções criadas por uma mente ansiosa. O “anormal” estado da mente ansiosa, da mente acelerada torna-se o nosso normal até ficarmos doentes.
Se não vais além do que pensas, se acreditas em todos os teus pensamentos como sendo a verdade, se não dás conta que a tua personalidade foi moldada pelo passado, não vai ser possível criares uma nova forma de ver o mundo, uma forma mais tranquila, mais feliz….
Ou seja, não consegues criar um novo destino para a tua vida.
Tudo o que gostas e não gostas, tudo o que queres e não queres foi moldado pelo passado. Todas as tuas noções de mau e bom, certo e errado, perfeito e imperfeito foram moldadas pelos teus antepassados. Quando não te permites questionar os pensamentos que tens sobre o mundo não dás conta que a tua vida é uma repetição da vida dos teus pais, dos teus avós, etc…
E é esse o nosso apego. Mas tudo isto passará.
O apego à forma de pensar em estado de sobrevivência, em sofrimento, que cria certas emoções às quais estamos viciados.
Só que o passado já passou…
Ficar prevendo o perigo, o futuro, não adianta nada.
Ficar imaginando o que de mau pode acontecer só te mantém presa ao passado.
Só o agora existe… só o presente se faz presente para ti.
Tudo isto passará também… nada precisa ser identificado como bom, mau, certo, errado… vive a vida com mente aberta, com a mente relaxada
Em conclusão, para viver o presente precisas de relaxar a mente, mas para isso os teus pensamentos precisam de ser vistos pelo que são, ou seja, pensamentos do passado.
Não dês tanto valor ao que pensas. Mas tudo isto passará.
No fundo os teus pensamentos são pensamentos sem significado nenhum, porque são “ecos” do passado.